Um ano depois...
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Um ano depois...

E lá se foi 1 ano que voltei para o Brasil depois de ter vivido a experiência mais incrível e maluca da minha vida. Nestas horas tenho a sensação de que o tempo voa, mas para mim o que voa é a velocidade dos nossos pensamentos quando a gente se dá conta de tudo o que aconteceu em determinado período.

Muita gente me pergunta “Como foi essa experiência de viajar pelo mundo? Você deve ter virado outra pessoa.” E a resposta é sempre cheia de adjetivos como incrível, sensacional, maravilhoso, mas também, difícil. Viajar por tanto tempo é ter uma vida sem rotina e com surpresas a cada dia. É intenso e às vezes desgastante. É como se eu tivesse uma biblioteca de histórias em minha cabeça, das quais eu mesma não tenho dimensão do tamanho. Quando alguém cita determinado país ou faz uma pergunta, eu vou acessar os meus arquivos mentais para relembrar do que aconteceu lá. E assim surgem as imagens, os nomes, os detalhes e as lembranças daquela história e daquela situação. Poderia ficar horas e horas acessando os arquivos da minha biblioteca mental de histórias.

Mas o que pouca gente fala é da parte difícil, quando se tem que recomeçar. Cheguei no Brasil na pior hora possível, crise econômica e caos na política. Era uma sensação de que eu estava dentro de um filme e voltei para vida real. Imagina o Neil descobrindo que a Matrix era só um sonho ou Peter Pan voltando definitivamente da Terra do Nunca. Um momento fácil de se perder e mergulhar em dúvidas, garanto que mesmo sem ter viajado pelo mundo muita gente já passou por isso. Mas é também uma fase de mudança e redescoberta e foi nesse momento que eu descobri o quanto o mundo tem a nos ensinar. Somos apenas 7 bilhões de pessoas em um universo com 100 trilhões de galáxias, segundo estudo da Astrophysical Journal. O principal problema é que a gente acha que o “meu” é sempre o mais importante do que o “seu”. Viajar assim fez-me desprender do meu e entender um pouco mais o outro. Descobri um novo sentido para a palavra “nosso”.

Uma vez me perguntaram quais seriam as características comuns que eu destacaria entre todos os povos que conheci. Independente de religião, raça, idade, local. Algo como o que de fato nos une quando falamos em humanidade. Achei interessante resgatar essa pergunta no momento que eu comecei a questionar o sentido do “nosso”.

A primeira característica é a Fé. Conhecemos budistas, hinduístas, mulçumanos, islamistas, católicos, evangelícos, ou seja, praticantes das mais diferentes religiões. Em todas elas o que predomina é a fé. Isso é tão forte que algumas cidades criaram templos dedicados a todas as religões, são ambientes sagrados de adoração a Deus, qualquer que seja Ele. Em Nova Deli, na Índia, conhecemos o Templo no formato de uma flor de lótus, que tem exatamente esse objetivo. Na Tailândia, em Chiang Rai, o chamado Templo Branco desperta interesse justante pela sua diversidade. Eu acredito que a fé tem o poder de nos unir como humanos, na crença de algo além deste plano e, principalmente, na esperança de um mundo melhor, independente de religião.

A segunda característica é a solidariedade. Mesmo em meio a escassez de recursos, as pessoas se ajudam, seja para carregar um balde de água ou para dar alimento ao seu vizinho. Nos países mais pobres percebi um senso de comunidade que me surpreendeu; as pessoas que tem situações semelhantes de carência acabam se reunindo na forma de uma comunidade, para ter acesso aos rescursos básicos. O ser humano é egoísta para muitas coisas, mas numa situação de emergência ele se sensibiliza e se mobiliza para ajudar aquele que mais precisa.

E, por fim, a terceira carcaterística é a esperança no amanhã. Mesmo com todas as catástrofes e desatres que tem ocorrido em nosso Planeta, e olha que não são poucas, as pessoas em geral têm esperança em um futuro melhor, por mais difícil que isso possa parecer. Sair do Nepal dois dias antes do terremoto em 2015 que destruiu o país e depois ouvir histórias de reconstrução e mobilização social em prol de uma vida digna, ou chegar em Samoa no dia o jornal estampava a manchete “Ciclone a caminho” e ver a população se mobilizando para superar mais esse desafio, são apenas exemplos do que quero dizer quando menciono essa carcaterística. A esperança é a chama que precisamos manter acesa porque seu poder é necessário para enfrentarmos as mudanças que estão por vir. Se esta chama um dia se apagar, será o fim de tudo.

Hoje tenho clara a minha missão e apesar de 2016 ter sido um verdadeiro liquidificador de emoções na minha vida, o mundo me ensinou que não adianta reclamar dos problemas ao nosso redor e ficar no sofá assistindo as notícias do dia a dia sem fazer nada. É fácil ser pessimista e dizer que o mundo vai acabar um dia, o difícil é ser otimista e lutar para mudar as coisas que nos incomodam.

Meu papel é inspirar pessoas a descobrir o real sentido da palavra “nosso”, foi assim que criei o Histórias que inspiram e tenho dado palestras falando sobre algo fundamental para que as coisas comecem a mudar ao seu redor: engajamento. Quando maior o número de pessoas mobilizadas por uma ideia que acreditam e valorizam, maior o potencial de mudança e transformação. Precisamos de bons exemplos a serem seguidos, precisamos de líderes que saibam ouvir, precisamos de pessoas otimistas que queiram fazer acontecer. E se você é uma delas, dá uma passadinha no meu site pessoal www.giulianapreziosi.com.br

Quem sabe podemos unir forças e engajar mais pessoas para esse time!

Por Giuliana Preziosi especial para Histórias pelo Mundo

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