Nossos dias no reino do Butão
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In Ásia

Nossos dias no reino do Butão

De todos os países do mundo, com tantos lugares incríveis para se conhecer, porque conhecer o Butão? Mas onde fica isso mesmo? O Butão, que fica na Ásia entre os gigantes  Índia e  China, ganhou fama depois que desenvolveu indicadores para medir o desenvolvimento do país por meio de um Índice de Felicidade Interna Bruta.

Há, inclusive, algumas pequenas comunidades no Brasil que vêm adotando esse sistema e alcançando bons resultados. Tive a oportunidade de ouvir um pouco destas histórias e conhecer pessoas que levaram estes indicadores para o Brasil, o que sempre aguçou minha curiosidade para visitar esse pequeno país.

Quando estávamos montando o roteiro e planejando o orçamento, teve momentos que ficamos na dúvida se valeria a pena. O turismo no Butão é controlado, e para conseguir o visto é preciso fechar um pacote com uma das agências credenciadas pelo governo. Custa em média 280 dólares por dia, por pessoa!

É uma facada no peito de qualquer mochileiro, ainda mais para quem está dando a volta ao mundo como nós. Mas minha vontade de conhecer o tão falado reino da felicidade era tão grande que demos um jeito de apertar o orçamento e garantir a viagem. Posso afirmar que valeu a pena cada esforço, pois é simplesmente diferente de qualquer outro lugar que passamos.

O pequeno reino do Butão tem cerca de 700.000 habitantes e possui 38,4 mil quilômetros quadrados (menor do que o Estado do Rio de Janeiro). Tem 72,5% de sua área coberta por florestas, 34 rios e uma biodiversidade de dar inveja a muitos países. Além disso, abriga cerca de 2.000 templos e monastérios budistas.

Paro é a única cidade do Butão que tem um aeroporto internacional no país e foi logo nossa primeira parada. A cidade, no meio das montanhas, tem uma arquitetura particular, bem típica da cultura butanesa. Os prédios e casas têm estrutura de madeira e taipa (barro amassado). As estacas são esculpidas e encaixadas umas nas outras sem a ajuda de pregos. O acabamento dos telhados é todo feito e pintado à mão.

A primeira parada foi no Drugyel Dzong, um antigo forte que marca a vitória do Butão sobre o Tibet, na guerra civil de 1649. Depois, partimos para o Templo Kichu Lhakhang, construído no século 7, e que dizem ser um dos templos mais velhos e mais bonitos do país. Uma pena que não pode tirar fotos dentro de nenhum tempo, pois as estátuas dos Buddhas, o colorido da decoração e as pinturas dos deuses são incríveis.

Escolhemos as datas que coincidiam com o Festival na cidade e chegamos em Paro com a cidade colorida para receber o Paro Tshechu. Há muitos festivais no Butão e praticamente cada distrito tem o seu, mas cada um ocorre em uma época diferente do ano.

O festival de Paro é um dos principais do país, também pelo fato de ocorrer na primavera. São 4 dias de muita música e dança, mas todas elas com algum significado. As máscaras utilizadas são de demônios e simbolizam espíritos a serem encontrados após a morte. Pode parecer meio estranho esse ser o tema do festival, mas, na verdade, eles utilizam as danças como forma de preparar as pessoas para o que elas encontrarão em outros planos.

É um aprendizado e todas as pessoas devem participar. Por ser uma ocasião solene, todos usam suas melhores roupas, sendo a vestimenta tradicional para os homens, o “Gho” e, das mulheres, a “Kira”.

O lugar onde ocorre o festival estava lotado e, mesmo assim, não havia confusão e cada um tinha seu espaço, mesmo que bem apertado. As pessoas são muito simpáticas e, mesmo no meio da multidão, pedíamos licença para conseguir passar e sempre havia alguém sorrindo ou ajudando.

Thimphu é a capital do Butão e com um charme, eu diria quase suíço, tem lugares interessantíssimos. Apesar do tempo corrido, conseguimos visitar 4 lugares que representam importantes ícones da cultura do país:

  1. Instituto Zorig Chusum, uma universidade pública com cursos de pintura, escultura, bordado, desenho: tudo para manter viva a cultura tão peculiar e fascinante deste povo.
  2. Tash Chodzong Forte, que reúne um monastério e a sede administrativa do país, com o escritório do Rei e seus ministros, sendo que o parlamento fica bem na frente do forte.
  3. Memorial Chorte Stupa, (a palavra “stupa”, no budismo, representa o corpo do Buddha), local destinado às orações.  Principalmente pela manhã e no final da tarde, é possível ver muita gente caminhando em volta da stupa, fazendo suas orações.
  4. Kuen-selphodrang, ou Buddha Point, a maior estátua do Buddha sentado do mundo. Parte do local está em construção, sendo que ainda vão criar uma grande mandala atrás do Buddha e um templo abaixo da estátua, e promete ser considerada a oitava maravilha do mundo.

Depois de Thimpu, seguimos viagem rumo a Punakha e, no caminho, uma surpresa. Uma cidade cheia de pênis! Pintado nas paredes, nas portas das casas, dentro do banheiro e como souvenir nas lojas. Sim, em Lobesa, o pênis é símbolo da fertilidade.

Visitamos o Chimi Lhakhang, conhecido como Templo da fertilidade, que fica na vila de Lobesa. Nosso guia contou que há vários casos de mulheres estéreis (não só butaneses, mas muitos estrangeiros) que fizeram suas oferendas e orações neste templo e conseguiram engravidar. Além disso, é um ótimo lugar para agricultura, porque o solo da região também é bastante fértil. 

O Forte de Punakha (Dzong) foi o mais bonito que conhecemos. O forte teve um papel importante quando Punakha era capital do país e até hoje é utilizado como residência de inverno da família real.

Próximo ao forte, nos divertimos no caminho até uma ponte suspensa, daquelas do tipo que “balança mas não cai”. A ponte, com a vista do rio passando no meio das montanhas, é digna de cartão postal. Na volta, paramos para observar alguns homens praticando arco e flecha, o esporte número 1 do Butão.

De volta à Paro, mais uma surpresa. Para comemorar o aniversário de 60 anos de seu pai, o Rei do Butão organizou uma exposição de flores: O 1ª Royal Bhutan Flower Exhibition, montada no Uyyen Pelri Palace. 

O objetivo era promover a aprendizagem e o envolvimento com a natureza, além de encorajar a criação de mais espaços verdes em áreas urbanas. O Rei reforçava que a preservação do meio ambiente é um aspecto essencial do desenvolvimento de seu reino e um dos princípios do Índice Nacional de Felicidade Interna Bruta.

E, no nosso último dia, um Templo quase na altura das nuvens, no meio da montanha e com uma vista incrível ao redor. Trata-se do legendário Taktshang ou Tiger’s Nest. O Templo foi construído no século 17 e depois de ter pegado fogo em 1998, foi reformado e está aberto para visitação.

A história diz que o segundo Buddha, para eliminar um demônio que estava alocado nas cavernas onde se situa o Templo, utilizou um tigre para alcançar o lugar e por lá meditou durante 3 meses. Daí o nome do local. O tigre, na verdade, era sua esposa, que se transformou no animal para auxilia-lo.

Chegar até lá não foi muito simples. Foram 2 horas só de subida pelas montanhas, sendo 4 horas no total, mas a vista e a visita ao templo valem muito a pena e por isso todo mundo encara o desafio. Não tinha idade que impedisse a subida, uma vez que vimos desde crianças de colo até idosos dispostos a subir a montanha para conhecer esse lugar tão exótico. Não pode tirar fotos dentro do templo mas, para ser sincera, depois de toda a trilha para chegar lá, a vontade era só de admirar o lugar e escutar as histórias sobre ele.

Uma pena que nossos 6 dias passaram tão rápidos. Quando estava no aeroporto esperando para embarcar para o Nepal, fiquei pensando o porquê esses dias tinham sido tão especiais. Além dos lugares incríveis que visitamos, os templos, monastérios, fortes, o céu azul brilhante, a beleza das montanhas do Himalaia, na minha opinião, foram as pessoas que fizeram a diferença.

Não vimos pobreza, violência, falta de educação ou falta de respeito. Pelo contrário, vimos um povo sorrindo, educado, simpático, e nos recebendo muito bem em qualquer lugar que passamos, fosse nosso guia, ou um monge, uma criança, um idoso, ou um trabalhador no meio da sua plantação. Caso pergunte se eles são felizes? Não posso responder por eles, mas aprendi muito nestes dias e minha maior felicidade foi saber que um lugar deste existe.

 

Como chegar no Butão?

O Butão fica escondido entre dois gigantes, a Índia e a China, no continente asiático. O turismo é controlado no país, mas visitá-lo não é tão difícil quanto parece, desde que se programe com antecedência e faça contato com uma das agências de turismo credenciadas pelo governo Butanês. Para obter o visto, é necessário fechar um pacote completo com uma destas agências. Não é barato, pois custa em média U$280 dólares por dia, por pessoa, mas nesse valor está incluído hospedagem, refeições, guia e motorista durante todo o período, transporte e entrada em todos os lugares a serem visitados. A agência que contratamos, APT (Adventure Planet Travels) foi excelente e nos ajudou muito desde o planejamento da viagem, além disso nosso guia Nindup e o o motorista Namgay foram incríveis. Recomendo!

Há voos para o Butão saindo da Índia, Nepal, Bangladesh, Cingapura e Hong Kong, mas não há muitas opções de dias e horários, pois as duas companhias áreas que fazem o percurso também são administradas pelo governo butanês. O controle não é para inibir o turismo, e sim para evitar que o número de estrangeiros seja maior do que o país pode abrigar, o que, convenhamos, poderia prejudicar o índice de felicidade interna do país.  Além disso, esse controle facilita para que sua viagem seja uma experiência prazerosa, sem stress de filas, lugares lotados, trânsito etc. 

APT Adventure Planet Travels:
www.bhutanesia.com
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Referência:
http://viagem.uol.com.br/guia/butao/butao/

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