Pamukkale, por enquanto, o castelo de algodão da Turquia
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Pamukkale, por enquanto, o castelo de algodão da Turquia

Fomos até a cidade de Izmir de avião para facilitar a ida à Pamukkale, que fica a 250km de distância.

Alugamos um carro e posso dizer que não foi a melhor opção. O custo total ficou caro e ainda sofremos com o pedágio que não tem ninguém para cobrar, pouquíssima informação e o que tem, está escrito em turco. Fomos procurar ajuda, mas a maioria das pessoas não falam inglês. No final, descobrimos que era só passar e aguardar a conta vinda da agência que alugamos o carro. Por outro lado, o serviço de ônibus é ótimo e tem vários horários para o trajeto até Pamukkale. Bom, serviu para a gente aprender!

Chegamos na cidade de Pamukkale, que é bem pequenininha, tem vários hotéis e algumas opções de restaurantes. Tudo gira em torno do Parque Natural de Pamukkale e a visita ao Museu de Hierápolis, que fica dentro do parque.

A cidade de Hierápolis era uma antiga cidade cujas águas termais têm sido usadas como um spa desde o século 2 aC, fundada por uma congregação judia. Hierápolis, do grego antigo, significa " Cidade Santa ". Suas ruínas estão ao lado de Pamukkale e atualmente compreendem o museu.

A entrada do parque custa 25 liras ou, com o passeio ao Museu incluso, 32 liras. Optamos somente pelo parque porque era tarde e não ia dar tempo de ver as duas coisas.

Só de ver aquelas montanhas branquinhas iluminadas pela luz do sol já achei o lugar incrível. É preciso tirar os sapatos logo na entrada. Pela primeira vez, subir uma montanha foi bastante prazeroso, já que a subida é acompanhada de água quente nos pés. No trajeto, é possível parar pelo caminho e molhar as pernas em uma “hidromassagem” natural que, na verdade, é uma corredeira de água na beira da montanha.

O lugar é um espetáculo mas já foi muito mais incrível do que é hoje. Pamukkale em turco significa “castelo de algodão”, e justamente pela peculiaridade do local e sua atratividade para o turismo, em 1960 começaram a construir diversos hotéis e piscinas abertas ao público. A clássica história da Tragédia dos Comuns, de Garret Hardin, se repete. Todo mundo querendo tirar proveito de algo público, até chegar uma hora que não sobra nada para ninguém. E foi isso que aconteceu, os hotéis estavam drenando a água termal para suas piscinas e acabando com as fontes e a beleza natural do local. Os hotéis tiveram que ser demolidos para dar espaço ao Parque Natural de Pamukkale, reconhecido pela UNESCO como patrimônio histórico mundial em 1988.

Hoje há hotéis do lado de fora do parque, mas o abastecimento de água é limitado, sendo que eles precisam fazer o reuso de sua água para garantir o abastecimento. Eu diria que o problema agora é muito maior, porque a crise de água é mundial. Mais de 40% da população mundial já sofre as consequências da falta de água e a situação só tende a piorar se todos continuarem tratando a água como um recurso ilimitado.

Ao mesmo tempo que foi incrível conhecer Pamukkale, é triste pensar no egoísmo do ser humano em não cuidar para que um patrimônio como este possa ser usufruído pelas próximas gerações. É possível ver muitas piscinas naturais do parque absolutamente secas. Vimos funcionários drenando a água para garantir pelo menos um pouco de água nas partes principais do parque.

Não é possível nadar nestas piscinas, até porque são bem rasas. Mas tem sempre aqueles que gostam de dar um “jeitinho” né! Vimos pessoas sentadas no meio da corredeira de água para garantir seu banhinho de água quente.

Para quem quer um banho apropriado de água termal, há um local específico chamado Antique Pool, porém é necessário comprar um ticket adicional (32 liras). Nós gostamos tanto do lugar que resolvemos experimentar o banho, mas no final a conta saiu um pouco cara. O ticket adicional é só para entrar na piscina natural, onde tem uma catraca na borda. Ou seja, entrou uma vez, é melhor aproveitar, porque se sair da piscina não dá para voltar, a não ser que compre outro ticket. Além disso, terá que gastar com o guarda volumes e levar sua toalha, caso contrário, terá que comprar uma lá.

A parte boa é que você está mergulhando em um sítio arqueológico submerso. É divertido ir andando com cuidado, passando por pedras e colunas. A água transparente chega a 35 graus Celsius e é riquíssima em minerais, com propriedades curativas de diversos males, dentre eles, reumatismo e psoríase.

Mudamos os planos e optamos por ficar 2 dias em Pamukkale para aproveitar o local, abrindo mão de conhecer a praia turca de Kusadasi, como estava no roteiro. Apesar de no final das contas o passeio ter saído caro, valeu muito a pena. Afinal, quando se pensa em custo, qual será o preço que todos nós vamos pagar se continuarmos gastando água dessa forma?

Referências:

http://en.wikipedia.org/wiki/Hierapolis
http://en.wikipedia.org/wiki/Pamukkale
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/populacao-falta-agua-recursos-hidricos-graves-problemas-economicos-politicos-723513.shtml

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