Laos, norte ao sul: montanhas, chuva e novas amizades
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Laos, norte ao sul: montanhas, chuva e novas amizades

Para quem viaja pelo sudeste asiático, visitar o Laos é um descanso dos templos, pagodas, castelos e outros monumentos comuns nos países vizinhos. Claro que é possível encontrar essas coisas no Laos, mas as principais atrações que encantam as pessoas que visitam o país estão ligadas à natureza.

É uma região montanhosa e com bonitas paisagens. Mesmo sem ter praias, o rio Mekong e seus afluentes oferecem diversas atividades aquáticas como rafting, caiaque, tubbing e passeios de barco em geral. Muita gente que vai para lá opta por fazer trilhas e atividades relacionadas a beleza natural que o país oferece.

Comparado aos seus vizinhos, Camboja, Vietnã e Tailândia, o Laos é o país menos desenvolvido de forma geral. O transporte é difícil porque as estradas não são das melhores e os ônibus não são os mais seguros que já encontramos. No entanto, viajar de ônibus acaba sendo a melhor forma de explorar o país. Algumas pessoas optam por fazer roteiros de moto, em rotas específicas que também são interessantes e saem da rota mais turística. Mas para cruzar o país de norte ao sul, o ônibus é a melhor opção.

Nossa história no Laos começou com a experiência de cruzar a fronteira por terra, vindo do Camboja.  Nosso ônibus ficou atolado na lama por mais de 1 hora, poucos quilômetros antes da fronteira. Depois, apareceu um homem dizendo que ia agilizar os vistos e, para isso, cobrava taxas diferenciadas dependendo da nacionalidade de cada um. Tudo armado, porque você não tinha muita saída a não ser pagar o que o cara queria. Nosso visto saiu por US$ 37,00 enquanto o preço normal é US$ 30,00.

Ouvimos histórias de outros ônibus em que as pessoas se revoltaram, ninguém pagou o homem e saíram andando sozinhos para cruzar a fronteira. Deu certo porque todos se uniram e fizeram a mesma coisa, uma vez que o motorista do ônibus ameaça deixar na fronteira se você quiser cruzar sozinho. No nosso caso, as pessoas acabaram pagando o homem que ofereceu seus “serviços”. Mas uma coisa é fato, com revolta ou sem revolta, todos pagaram uma taxa de carimbo no valor de US$2,00 para sair do Camboja e mais US$2,00 para entrar no Laos. Nós, brasileiros, conhecemos o nome disso: propina.

Bom, depois de cruzar a fronteira, nossa primeira parada foi em “Four Thousand Islands” ou Si Phan Don, um arquipélago que fica ao longo do Rio Mekong, no sul do país. É um lugar para relaxar, fazer caminhadas, alugar uma bicicleta e pedalar pela ilha, passear de barco ou caiaque ou simplesmente curtir a vista do rio. Fizemos um passeio de caiaque que foi emocionante, porque não era tão simples lidar com a correnteza, e valeu a pena por ter a oportunidade de ver de perto os golfinhos selvagens de água doce que moram no rio.

Ficamos 2 dias em Vang Vieng, uma cidade repleta de atividades. Às margens do rio Nam Song, é possível fazer caiaque, tubbing (descer o rio numa boia redonda), visitar cavernas, cachoeiras e lagoas. O problema é que o aumento do turismo no local tornou a cidade perigosa e com um índice de mortes altíssimo nos últimos anos. Porquê? Bom, o povo que curte uma festa viu aqui um paraíso para fazer o que tinham vontade, sem regras e fiscalização.

O pessoal bebia e ia fazer tubbing, ou andar de caiaque no rio. Só que a correnteza é forte e bebida não combina com essas coisas.  Sem falar das pessoas sob o efeito de drogas que iam pular do penhasco para cair na cachoeira. Simplesmente um lugar sem limites com pessoas sem responsabilidade. Atualmente, isso já melhorou muito, pois a cidade já chegou a ter registro de 1 morte por semana há uns 3-4 anos atrás. Não vimos tanta gente sem noção, pelo contrário, a cidade estava tranquila.

 O tempo é que não ajudou em nada, porque a chuva não deu trégua. Foi uma verdadeira experiência do que são as monções na Ásia. O máximo sem chuva era cerca de 30-40 minutos.  E a balada com o tempo chuvoso era parar num barzinho para beber algo e assistir “Friends”.  Vários bares e restaurantes tinham televisões passando diversas temporadas do seriado, não dá para negar que assim é bem mais seguro.

Em Vientiane, capital do Laos, fomos conhecer o Buddha Park ou “Xieng Khuan”. São mais de 200 estátuas hinduístas e budistas, cada uma com significado e história. O parque é pequeno, mas muito interessante. Foi construído em 1958 por Luang Pu Bunleua Sulilat, um monge que estudava as duas religiões, e por isso há uma mistura entre as imagens do Buddha e de Deuses Hindus. O parque fica acerca de 25km da cidade, mas muito fácil de alugar uma moto e chegar lá.

Luang Prabang foi nossa cidade preferida no Laos. Não só pelo fato de ter uma das cachoeiras mais lindas que já vimos, mas pelo charme e o clima da cidade. Era muito gostoso caminhar ao longo do rio, em uma região repleta de bares e restaurantes. O mercado noturno também atrai muita gente. A rua do mercado fica cheia de barraquinhas vendendo deliciosos sanduíches, crepes e sucos ou shakes de frutas naturais.

A famosa cachoeira chamada Kuang Si fica acerca de 27 km de Luang Prabang. São várias as opções de transporte para chegar lá. Optamos pela van compartilhada, mas o tuk tuk também tem um preço camarada se negociar bem. 

É o lugar mais bonito que visitamos no país, justamente por ser diferente de outras cachoeiras que passamos, além de ser um bom lugar para nadar. Com uma água verdinha e transparente, a cachoeira tem 3 quedas, uma mais bonita que a outra. Ainda é possível pegar uma pequena trilha para chegar no topo da cachoeira e ter a vista de cima de todas as quedas.

Mesmo passando por todas essas cidades, o Laos não foi um país que fizemos atividades muito diferentes ou visitamos lugares exóticos, mas foi o lugar que mais fizemos amizades. Isto porque as pessoas costumam fazer roteiros muito semelhantes, e a maioria dos hotéis ficam nas regiões mais movimentadas, que todo mundo vai.

Era muito comum cruzar com as mesmas pessoas nas cidades que estávamos visitando. Além disso, são vários os passeios oferecidos que, quando está em grupo, o preço fica sempre mais em conta.  Em nosso último dia em Luang Prabang, reunimos uma mesa com mais de 10 pessoas que encontramos em todas as cidades que passamos. Foi muito legal, pois tinha gente da Bulgária que mora na China, Dinamarca, Brasil (outro casal) e Chile.

O intercâmbio de cultura e experiências, misturado com a sensação de explorar um país diferente e conhecer novos lugares, fizeram da nossa viagem pelo Laos um passeio especial.

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